Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (Pnad), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com os dados, a realidade potiguar é pior quando comparada aos 10,5% de desocupados no trimestre de julho a setembro de 2014.
Na prática, ocorreu um aumento de 2,1 pontos percentuais na taxa de desocupados no RN.
Em relação aos setores, houve redução de ocupação na construção civil, que viu a quantidade de pessoas ocupadas cair 18,6%, na agricultura, pesca e pecuária (-7,4%) e indústria geral (-1,2%), na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Houve aumento de pessoal em segmentos como alojamento e alimentação (22,2%), administração pública (11,6%), e comunicação (14,3%).
Segundo o economista e chefe do IBGE no RN, Aldemir Freire, há dois fatores principais atuando nesse quadro. De um lado há queda das ocupações na construção civil e na agropecuária e a estagnação ou crescimento muito baixos dos demais setores. “De outro, estamos vendo uma parcela maior da população procurando trabalho”, disse. “O que está acontecendo é que o mercado não está gerando postos suficientes para atender a toda população que está procurando trabalho”.
No caso da administração pública, a realização de concursos ajuda a explicar o crescimento, mas não é o único motivo. “A administração pública, que é um setor forte no RN, tem uma redução de pessoal muito mais lenta que outros segmentos da nossa economia. Então, há recuperação de quadro. E, além disso, neste ano, tivemos diversos concursos que já haviam sido deliberados anteriormente”, disse o economista William Pereira. E acrescentou: “De uma forma geral, estas transformações dos setores se devem à crise econômica brasileira, que se acentuou nos último trimestre. E, a construção civil, já em crise, teve ainda o impacto da alta dos juros”.
Pela Pnad, o Rio Grande do Norte teve resultado inferiores apenas ao Estado da Bahia, na taxa de desocupados. Em relação à região metropolitana, teve a terceira maior média negativa, com 13,7%, atrás da Grande São Luís (14%) e da Grande Salvador (17%). No caso de Natal, a variação foi a quarta pior do país, também com 13,7%, seguida de Macapá (13,9%), São Luís (14,7%) e da capital baiana (16,1%). No entanto, segundo o IBGE, a massa salarial média segue crescendo normalmente, com elevação de R$ 1.354 no terceiro trimestre de 2014 para R$ 1.434 no mesmo período em 2015.
Para o analista do IBGE/RN, Ivanilton Passos, os resultados do RN – piores da série histórica – se devem a um conjunto de fatores, acumulados desde o ano de 2012. “O RN sente falta de empresas de grande porte, um empreendedorismo fortalecido, menos dependência do setor público. E, com a crise, política recessiva, ajustes fiscais, outros setores acabam prejudicados, sem conseguir absorver pessoal. Este é o problema, que a nível Brasil tem tido diversas empresas falindo e demitindo pessoal”, declarou.
Projeções para o estado são pessimistas
Conforme Arnaldo Gaspar Júnior, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-RN), não há previsão para retomada da geração de empregos no setor.
“Os nossos índices indicam que, nos últimos três meses, não houve um único lançamento no RN. Ou seja, não tem obras iniciando. Então, estamos sem notícias boas. Além disso, as obras públicas também sofrem com atrasos de pagamentos federais. O construtor está muito desestimulado para correr riscos. O que termina refletindo no desemprego, porque as empresas estão sem condições de manter os investimentos”, pontuou.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Flávio Azevedo, as elevadas taxas de desemprego são uma realidade nacional e sem perspectivas concretas de retomada em 2016. “O ano que vem será tão difícil quanto este ano. Não apostaria em uma grande recuperação, mas, pela desaceleração econômica, a taxa de inflação deve ser menor do que a atual, talvez, com queda para 6% ou 7%”, declarou.
Números do RN: dados do terceiro trimestre de 2015
12,6% foi a taxa de desocupação no RN. Percentual 1,0% superior ao trimestre anterior e 2,1% maior que o mesmo período de 2014.
49,9% foi o nível de ocupação no RN. Percentual 0,2% menor ao trimestre anterior e 0,7% inferior ao mesmo período de 2014.
R$ 1.434 foi o rendimento médio real dos trabalhadores no RN. No terceiro trimestre de 2014 o valor médio foi R$ 1.354.
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